quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ainda não é o fim do mundo

Só se fala nisso. Gripe A. Ainda mais aqui em Passo Fundo, capital nacional da literatura e agora também da gripe A. Essa doença serviu para mostrar como nosso pretenso título de pólo de saúde é vazio. Quantas vagas existem para pacientes em isolamento? Poucas. Bem poucas. Enquanto isso o pânico reina entre os passo-fundenses. Em parte, justificado, mas não é para tanto.

Desde abril morreram mais de 700 pessoas no mundo de H1N1. Vamos supor que esse número esteja errado (provavelmente está) e a quantidade de vítimas seja dez vezes maior (sendo bem pessimista). Seriam 7 mil casos em 4 meses, ou seja, 1750 casos por mês em um universo de 6 bilhões e pouco de pessoas.

Copiando outra manchete recente, vamos saber que a violência mata 400 jovens por mês no país. Vamos lá: 400 mortes por mês em um universo de 180 milhões de pessoas. Não é preciso entender muito de matemática para perceber que é muito mais fácil levar um tiro do que morrer de gripe suína.

No entanto ninguém sai por aí de colete à prova de balas. Não que isso seja uma medida ruim, só que não haveria colete para todos. Assim como não há máscaras e vagas em hospitais para todos. Principalmente para os que já não têm muito. Esses é que devem se preocupar, mas não terão muito o que fazer, já que quem tinha dinheiro comprou todas as máscaras, potes de álcool e leitos.

Resumindo: don't panic minha gente da grana! Tomem medidas profiláticas, mas não é o fim do mundo. Ainda não.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Felizes para quando?

Foi lentamente que os dois se transformaram. Uma risadinha maligna dela aqui, uma respiração mais quente dele ali; uma verruguinha que surgiu no nariz dela, umas escaminhas nos braços dele; um gosto exagerado por vassouras que ela começou a desenvolver, um gosto exagerado por espadas que ele começou a perder; um vestido que já não mais entrava nela, uma armadura que já estava pequena para ele; a transformação dos lindos passarinhos dela em macacos alados, a transformação do nobre cavalo dele em almoço; e assim por diante. Dessa maneira, anos depois do início da felicidade, a princesa acordou em um belo dia e teve de pedir a um espelho se ela ainda era a mais bela do reino e o príncipe, depois de muita dificuldade para sair do quarto, queimou toda a mobília com um simples bocejo.

Ao mesmo tempo em que iam se tornando bruxa e dragão, os desentendimentos aumentavam. Desde que ele devorou as criadas, o castelo tornou-se obscuro e sujo. A bruxa, cansada de ter que fazer todo o serviço do castelo - incluindo recolher a pele dele que ele agora trocava mensalmente e não era capaz nem de recolher do chão, ou os fêmures humanos com que ele vivia no canto da boca e usava para palitar os dentes e fazer estalos desagradáveis - decidiu mudar-se para a torre mais alta do castelo. O dragão procurou então o calabouço mais profundo e lá se aninhou.

Agora ela vive rodeada de unguentos Renovare, poções Avonus, olhos de lagartixa, pêlo de camelo, intestinos de rato e outros ingredientes estranhos, como máscaras faciais de pepino, cremes redutores de expressão de babosa, ou contra celulite com cafeína, etc., sonhando com a princesa que fora, enquanto trama planos malignos envolvendo maçãs, rocas e venenos.

Ele amontoou seu tesouro no calabouço e dorme rodeado de ouro, com a grande barriga para cima, sonhando com cavaleiros bem passados e cavalos torradinhos, nem ligando para o seu colesterol alto, que já lhe rendeu 5 pontes de safena.

Mas essas informações não estão nos contos de fada, devido a uma política editorial muito conservadora nesse gênero. Está tudo na Condigo! do mês de agosto, onde você pode conferir também o escândalo envolvendo o Lobo-Mau e vídeos pornográficos infantis encontrados em sua toca.